Adultização da infância e infantilização da vida adulta: paradoxos da contemporaneidade

Mais uma da Suri Cruise – ou melhor, dos pais da Suri Cruise! Na semana passada a Folha Online publicou matéria sobre a celebridade mirim mais comentada do mundo. Filha de Katie Holmes e Tom Cruise, Suri tem diariamente seus modelitos estampados em páginas de blogs, revistas e jornais e já foi até eleita uma das mulheres mais bem vestidas do mundo. A notícia dessa semana chocou muita gente porque dizia que a menina tem mais de 200 mil dólares em sapatos. Isso mesmo! E o que é mais grave é que parece que a pequena Suri só gosta de saltos altos … até na praia.

Mas, criança deveria usar salto alto? Se forem o de sua mãe, para brincar de faz de conta, não tem problema algum e é até saudável, já que é por meio da brincadeira que as crianças exercitam comportamentos adultos. O problema está quando objetos adultos passam a fazer parte do armário de nossas crianças e quando meninas só se contentam em parecer mulheres, o que mostra o problema da adultização da infância, muito recorrente hoje em função da sociedade de consumo.

No outro extremo da sociedade de consumo está a questão da infantilização do adulto, que parece paradoxal, mas não é. O tema já foi bastante discutido pelo teórico americano Benjamin Barber em seu livro Consumido e foi pauta no jornal Meio & Mensagem, por ocasião da São Paulo Fashion Week, que terá a Hello Kitty como estrela de um de seus desfiles.

Sabemos que o licenciamento da personagem não é novidade, pois a Sanrio, empresa responsável pela Hello Kitty está entre as quatro maiores empresas de licenciamento do mundo. A novidade está na ideia da estilista de trazer a gatinha mais famosa entre as crianças para o mundo da moda, para mostrar que mulheres acima de 30 também podem ser sua fã, reforçando o lado fashion da Hello.

O que acontece nesse nosso tempo de consumo sem reflexão é que o mundo adulto vem cada vez se aproximando do infantil e o mercado é um dos grandes influenciadores dessa situação. Para vender, não distingue idade, tratando todos como consumidores iguais. Fica a reflexão: se os objetos que possuímos hoje falam um pouco sobre nós, será que salto combina com criança e hello kitty com mulher adulta?