O Projeto Criança e Consumo encaminhou uma carta para o Fórum dos Leitores do jornal O Estado de S. Paulo, em resposta a uma matéria publicada em 31 de maio, em que a Associação Brasileira dos Anunciantes questiona a validade dos dados apresentados por pesquisa do Datafolha sobre publicidade dirigida ao público infantil. Leia a carta abaixo:
Carta para Fórum dos Leitores – O Estado de S.Paulo
É no mínimo constrangedor que Rafael Sampaio, vice-presidente da Associação Brasileira dos Anunciantes (ABA), tente desqualificar pesquisa realizada pelo Datafolha a pedido do Instituto Alana. A pesquisa constatou que para 80% dos pais brasileiros, publicidade de alimentos prejudica as crianças. Questionável é o interesse da ABA em minimizar dados reveladores como esse.
O Instituto Alana tem como prioridade a defesa do direito da criança de se desenvolver com plenitude e de forma saudável. Essa também deveria ser uma prioridade para toda a sociedade e para o Estado brasileiro. Criança vem primeiro; lucro da indústria de alimentos, depois.
Isabella Henriques
criancaeconsumo@alana.org.br
São Paulo
Veja abaixo a matéria publicada pelo jornal:
Anúncio para crianças deve ser “responsável”
Publicidade para criança deve continuar existindo, mas deve ser feita de forma “responsável”, afirmou Rafael Sampaio, vice-presidente da Associação Brasileira de Anunciantes (ABA), ao comentar pesquisa divulgada ontem pelo Estado. Segundo o levantamento encomendado pelo Instituto Alana, quase 80% dos pais de crianças até 11 anos acreditam que comerciais de fast food e outros alimentos não saudáveis prejudicam os hábitos alimentares de seus filhos.
“Vemos com suspeita qualquer pesquisa do Alana, pois eles têm uma tese e querem defendê-la. Querem o fim da publicidade para criança”, diz Sampaio. Para ele, só deveriam ser dirigidas ao público infantil mensagens de produtos sobre os quais há consenso de que são apropriados.
Mas Sampaio defende que isso seja feito de forma voluntária pelas próprias empresas. “O Congresso americano cogitou a regulamentação da publicidade de alimentos, mas chegaram à conclusão de que a autorregulamentação é o caminho”, diz.
Sampaio também criticou a norma da Anvisa que determinou a inclusão de um alerta para possíveis riscos à saúde nesse tipo de propaganda. “Prejudica apenas a parcela dos produtores de alimentos que tem condições de anunciar.”