A publicidade invadindo os brinquedos

Em razão de denúncia recebida no seu site no último dia 14 de fevereiro, o Projeto Criança e Consumo enviou carta à empresa Estrela manifestando preocupação no direcionamento de publicidade a crianças no novo Banco Imobiliário e sugerindo a alteração da classificação indicativa do jogo, de 8 para 12 anos.

Se as crianças são campeãs em uso e consumo de mídias, é fato que os pequenos passam a ser alvo das mais diversas formas de publicidade. Eventualmente, as ações de marketing extrapolam mesmo as mídias tradicionais (rádio, tv e internet) e o formato consagrado do anúncio comercial devidamente sinalizado enquanto tal. Tanto o recurso do ‘merchandising’ quanto o fenômeno da publicidade nas escolas infantis são exemplos de como as ações publicitárias vão rompendo os limites dos meios de comunicação tradicionais.

O caso em questão é, sem dúvida, mais um exemplo de publicidade infantil diferente do padrão habitual. Na denúncia recebida pelo Projeto, um pai identificara material de comunicação mercadológica no tabuleiro do ‘Super Banco Imobiliário’, o que foi constatado no site da Estrela. E, confirmando o teor da denúncia, o anúncio do brinquedo, contendo descrição informativa do produto e imagem da embalagem, identifica as logomarcas das seguintes empresas: Fiat Automóveis Ltda; Vivo S/A; BDF Nívea Ltda.; Itaú S/A e Empresas Petróleo Ipiranga S/A.

A grande questão aqui é o fato de o jogo ser indicado para crianças a partir de 8 anos, de acordo com informações do site. Para brincar, os pequenos devem negociar a compra e venda de mercadorias diversas, conforme as regras do tradicional Banco Imobiliário. Com uma diferença, porém: ao invés de dinheiro, os pequenos podem “pagar” suas “compras” com cartão de crédito da MasterCard.

A finalidade das empresas estarem no tabuleiro seria a de dar maior realidade ao ato de “compra” e “venda” do jogo. Pelo menos, assim nos pareceu quando lemos o anúncio do produto: “Neste Banco Imobiliário os jogadores não usarão dinheiro para realizar transações, pois ele vem com uma máquina de cartão de crédito! E as propriedades são empresas reais! Você terá de provar que realmente é bom de negociação!”.

Ora, não haveria problema algum, se o jogo se destinasse ao público maior de 12 anos, que, já tendo desenvolvidas aptidões necessárias para a compreensão da publicidade, poderia entender que a existência das marcas consubstancia verdadeira publicidade.

No momento, aguardamos a resposta da Estrela, ansiosos pela compreensão da empresa e pela consequente mudança da classificação etária do jogo.

Para quem tiver interesse em ler a carta enviada à empresa, basta acessar o link.