“O meu Treo continua no balcão da cozinha, pronto para ser usado mais uma vez, como o brinquedo Woody de Toy Story. Isso é amor?” Esse é um trecho do artigo do jornalista Damon Darlin, publicado recentemente no The New York Times. Trata-se de uma declaração de amor a um dos primeiros smartphones do mercado e, mais do que isso, à tecnologia digital.
Refazendo a pergunta: será mesmo amor? Na sociedade de consumo, nossos sentimentos são traduzidos em fetiche. E posse é sinônimo de felicidade. Mas, aproveitando o início de 2011, vamos parar para pensar…
Sim, a tecnologia leva a humanidade a um novo patamar. Até mesmo nos pontos mais distantes é possível se comunicar. Ficou mais difícil se perder pelas ruas da cidade com o GPS. E a possibilidade de compartilhar livremente o conhecimento é algo incalculável.
É certo que tudo isso tem um valor para a humanidade e que as novas gerações poderão alcançar novas descobertas. O perigo é fazer desses avanços um motivo a mais para consumir. A exemplo de Damon. Para ele, esses equipamentos tornaram-se extensões de nós mesmos. O jornalista os guarda como pequenas relíquias e, ao invés de colecionar saberes, ele coleciona objetos velhos. Vai entender…
Segundo o artigo, o presidente da Nielsen Norman, Don Norman, explica esse afeto pelos chamados gadgets como “amor de adolescente”. Parece um pouco mesmo com aquele desejo desenfreado. Mas ainda assim, uma comparação meio descabida.
Sobre tecnologia da informação, recomendo a leitura da entrevista do economista Ladislau Dowbor ao Especial Criança e Consumo Entrevistas – Sustentabilidade.