Nos EUA, mobilização de pais e educadores leva à redução de material publicitário em escolas

A empresa norte-americana Scholastic Inc. divulgou na semana passada sua decisão de limitar a produção de materiais de ensino feitos em parceria com grandes empresas. A ação foi uma resposta à pressão de milhares de pais, educadores e advogados, engajados em uma campanha de mais de três meses encabeçada pela organização Campaign for a Commercial-Free Childhood (CCFC).

A Scholastic é a editora líder em material educativo nos Estados Unidos e, através de seu programa de marketing dentro de escolas, o InSchool Marketing, produz apostilas patrocinadas por clientes como McDonald’s, Cartoon Network, Nestlé e Disney, que são utilizadas em escolas de todo o país.

A campanha foi motivada por um material distribuído para alunos da 4ª série que tratava da produção de energia nos EUA, patrocinada pela indústria de carvão norte-americana. Após uma intensa pressão de pais e educadores, a empresa foi forçada a recolher o material e, a partir da ação, foi iniciada uma mobilização, que resultou na divulgação de mudanças feitas pela Scholastic. Entre elas, uma redução de 40% na produção de material pela InSchool Marketing, a maioria de projetos patrocinados por empresas.

A publicidade na escola já vem sendo debatida e fica cada vez mais claro que o ambiente escolar não é lugar de publicidade. A escola é espaço de formação de valores, o que torna ainda mais grave a entrada do marketing pelos seus muros. “Distribuir material de propaganda de empresas disfarçado como material de ensino desqualifica a importância de aprender, e é uma das formas mais ardilosas de mercantilismo dentro das escolas”, explicou Susan Linn, diretora do CCFC.

É essencial que a sociedade civil aja como no caso da Scholastic, mobilizando-se e pressionando empresas e Estado para impedir ações abusivas direcionadas ao público infantil e proteger as nossas crianças. Aqui no Brasil, as ações de marketing dentro do ambiente escolar têm sido cada vez mais frequentes. Pesquisa Datafolha, encomendada pelo Criança e Consumo aqui, mostrou que 56% dos brasileiros são contra a ação publicitária de empresas dentro da escola.