Comoção absoluta. Uns surpresos com a transformação da menina Sandy na “mulher Devassa”. Outros escandalizados, impulsionados por um moralismo meio fora de lugar. E há ainda aqueles que comentam: “ela não convence”. Fato é que a nova campanha da cerveja Devassa já atraiu mais de 80 mil pessoas ao YouTube e tem gerado um bafafá na imprensa.
Mas fora a histeria, a popularidade de muitas campanhas de cerveja (a da Devassa não é a primeira a causar frisson) leva a outra reflexão. Trata-se de uma bebida alcoólica, cuja comercialização é ilegal para menores de 18 anos. Ainda assim, a publicidade é veiculada na TV em qualquer horário.
Injuriados, os concorrentes da Devassa criticaram a escolha da Sandy como garota propaganda da marca, sob o argumento de que a campanha iria contra a decisão da indústria de cerveja de seguir as orientações da Organização Mundial de Saúde (OMS) e não mais atrair “a garotada”.
Seria realmente muito bom que a preocupação fosse real, mas… Devo dizer que muitas outras marcas escolheram celebridades ou apelos teens para suas campanhas recentes (muito provavelmente as mesmas que agora questionam a Devassa). Depois, a Sandy não é mais uma menina. Seus fãs cresceram com ela e hoje beiram os 30.
A discussão, portanto, não deve estar no mérito de cada campanha, e sim na questão do impacto que essas ações de marketing têm em um público vulnerável como o infanto-juvenil. É bom frisar que cerveja e vinho não são considerados bebidas alcoólicas para publicidade. A lei federal nº 9.294/1996 regulamenta apenas bebidas com alto teor alcoólico, como uísque, cachaça e vodka. Cerveja fica fora dessa e está aí na nossa televisão todos os dias. os dias.