Evento por uma infância livre do consumismo na Rio+20

O Instituto Alana e as organizações parceiras Aliança pela Infância, Conselho Federal de Psicologia (CFP), Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor), Instituto Akatu e Movimento Infância Livre do Consumismo (ILC) realizaram um side event neste 13 de junho na programação oficial da Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável (Rio+20), no Rio Centro, Rio de Janeiro.

O tema abordado na mesa de discussão, que teve mais de duas horas de duração, foi criança, publicidade e sustentabilidade. Ao menos 50 pessoas de vários países participaram do evento, que levou a preocupação de organizações brasileiras de defesa da criança, do consumidor e do meio ambiente com o futuro, já que desde a infância as pessoas têm sido cada vez mais estimuladas a consumir de forma desenfreada.

Ute Craemer (Aliança pela Infância) chamou a atenção da plateia sobre a importância de cuidar da infância e de transmitir valores mais humanos e menos materialistas. Ana Maria Wilheim (Akatu) reforçou que é preciso também investir na educação das novas gerações como forma de provocar uma mudança real nos hábitos de consumo.

Roseli Goffman (CFP), Ana Claudia Bessa (ILC), Mariana Ferraz (Idec) e Gabriela Vuolo (Alana) lembraram que hoje há um verdadeiro bombardeio de publicidade dirigida ao público menor de 12 anos, o que agrava muito o problema do consumismo infantil, com impactos sociais, ambientais e econômicos extremamente negativos. Gabriela lembrou o exemplo da Mattel, que veiculou o número alarmante de quase 9 mil publicidades em 15 canais nas duas semanas que antecederam o Dia das Crianças de 2011.

“Na plateia de hoje temos representantes de vários países, alguns com regras mais claras com relação à publicidade dirigida a crianças, outros sem regra alguma. É preciso fazer pressão para que o poder público cumpra o seu papel de defesa da criança e, ao mesmo tempo, também temos que exigir que as empresas multinacionais parem de adotar padrões de consumo diferentes em cada país”, disse Gabriela.

A mesa defendeu uma atuação mais forte dos estados-nação na regulação da publicidade dirigida ao público infantil e avalia que é necessária uma pressão da sociedade civil para mudar o cenário atual.

 

No fim da discussão, Alana e parceiros leram um manifesto sobre o tema:

MANIFESTO

Em defesa da infância, da Justiça e da construção de um futuro mais solidário e sustentável para a sociedade, nós reafirmamos a importância da proteção da criança frente aos apelos mercadológicos e pedimos o fim das mensagens publicitárias dirigidas ao público infantil.

As crianças ainda estão em processo de desenvolvimento bio-físico e psíquico. Por isso, não possuem as habilidades necessárias para uma interpretação crítica dos inúmeros apelos mercadológicos que lhe são especialmente dirigidos. Consideramos que direcionar publicidade para a criança constitui prática antiética e abusiva.

A publicidade voltada à criança contribui para a disseminação de valores materialistas e para o aumento de problemas sociais como a obesidade infantil, erotização precoce, estresse familiar, violência pela apropriação indevida de produtos caros e alcoolismo precoce. Também agrava problemas ambientais, pois contribui para um consumo desenfreado e inconsciente.

Por tudo isso, pedimos, respeitosamente, àqueles que representam os Poderes da Nação que se comprometam com a infância e efetivamente promovam o fim da publicidade e da comunicação mercadológica voltada ao público menor de 12 anos de idade.

Respeitar a infância é essencial para a garantia de um futuro mais justo para a humanidade.