Alegando falta de recursos, o governo do Estado de Alagoas aprovou uma lei que permite que empresas patrocinem as escolas públicas com doação de uniformes, material escolar e mobiliário, e, em troca, possam estampar seu nome nos uniformes dos estudantes.
A medida extrapola todos os limites entre publicidade e educação. “Escola não é lugar de publicidade”, escreve a psicóloga e coordenadora de Educação do Criança e Consumo, Laís Fontenelle. “É espaço de formação de valores, de exercício de cidadania e principalmente de socialização e aprendizagem.” E a maioria dos brasileiros concorda: de acordo com pesquisa Datafolha de julho de 2011, encomendada pelo Instituto Alana, 56% da população desaprova publicidade em escolas.
Essa não é a primeira vez que vemos a escola sendo utilizada como estratégia de marketing. Ao permitir que uma empresa faça propaganda dentro do ambiente escolar – ou, ainda pior, ao institucionalizá-la – é como se a escola estivesse respaldando aquele produto, em um ambiente em que a criança está aberta para aprender e assimilar o que é ensinado. Ao transformar o próprio aluno em promotor de vendas, a escola passa a ensinar que a educação é uma mercadoria e transmite valores equivocados para as crianças, estimulando o consumo. É esse o adulto que queremos formar?