A revista Veja da última semana publicou reportagem preocupante sobre uma doença adulta que tem afetado cada vez mais as crianças no mundo inteiro: o estresse. A matéria “Por que as crianças estão cada vez mais infelizes?” chama a atenção para uma agenda infantil sobrecarrega, que coloca a criança em situações para as quais ela não está preparada.
Há bastante tempo temos alertado para essa questão. Em atividades extraescolares e, no momento de lazer, em frente à tevê ou andando em corredores de shopping, os pequenos são introduzidos ao universo adulto de forma precoce, o que tem uma série de impactos muito negativos. Um deles é a diminuição das brincadeiras criativas. O brincar é a linguagem da criança, e exercê-la é fundamental para um desenvolvimento saudável.
Outro aspecto que não foi abordado na revista é o consumismo, que está intimamente relacionado ao modo de vida contemporâneo. Especialistas no mundo inteiro já associam essa sensação de tristeza e frustração infantil com uma superexposição à comunicação midiática, que traz apelos absurdos do mercado voltados ao público infantil, despertando um desejo desenfreado por consumir e disseminando o valor de que é preciso ter para ser.
Para que as crianças cresçam felizes, é preciso respeitar seu tempo e sua natureza brincante. A garantia desse direito, prevista na Convenção dos Direitos da Criança da ONU, só será bem sucedida com o comprometimento de toda a sociedade com essa questão, incluindo governos e empresas na condução mais ética de seus negócios.
É preciso refletir mais profundamente sobre o que está acontecendo com as novas gerações para de fato vencer o problema.
Vale a pena rever essa rápida fala da psicóloga norte-americana Susan Linn, em vídeo especialmente produzido para o Instituto Alana em outubro de 2011.