No dia 13 de março, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) decidiu em reunião a favor da proibição do uso de aditivos em cigarros e derivados de tabaco, proibindo a venda de cigarros com sabores como menta, canela e chocolate. Os fabricantes terão 18 meses para se adaptar.
A infusão de aditivos em cigarros é vista como uma das principais manobras da indústria para atrair crianças e jovens ao fumo, já que mascara o gosto do tabaco, diminui a tosse, facilita a tragada e acelera a dependência – e representa 3% do total de vendas do produto. Uma pesquisa realizada pela Food and Drug Administration (FDA), órgão que regula a questão nos Estados Unidos, revelou que fumantes com 17 anos de idade são três vezes mais propensos a usar cigarros aromatizados do que adultos de 25 anos de idade ou mais.
A votação da proibição tinha sido adiada, devido a um forte lobby da indústria no debate a respeito da adição de açúcar, o que levou diversos órgãos, inclusive o Instituto Alana, a enviar cartas de repúdio a Agência. Enquanto os aditivos que dão sabor ao cigarro foram vetados, o açúcar continua liberado, embora um dos diretores da Anvisa, Algenor Álvares, tenha afirmado que essa também é uma forma subliminar de fidelizar fumantes.
Espera-se que dessa vez a Anvisa não se dobre às manobras da indústria, como aconteceu com a RDC 24/2010, resolução da Agência que regulava a publicidade de alimentos, e que hoje está suspensa suspensa por liminar da Justiça Federal, a pedido da Associação Brasileira das Indústrias da Alimentação (ABIA).
Links relacionados:
“Há exagero nas tentativas de controlar o tabagismo no Brasil?” (Por Paula Johns e Clarissa Homsi)