“Publicidade não faz mal a ninguém”.
“Publicidade não cria necessidade”.
“Publicidade não vende consumo”.
“Publicidade é boa por que informa”.
Essas são as máximas que temos ouvido no último mês e nas quais muitas pessoas têm acreditado.
Recebi de a programação do maior evento anual dos criadores de publicidade voltada à criança – a Kids Power – e fiquei estarrecida. E o que é mais triste: pessoas pagarão um bom dinheiro para aprender a bombardear a cabeça das nossas crianças.
Um dos seminários será sobre a forma de atingir os consumidores da chamada nova classe média, as famílias e como alterar os orçamentos dessas famílias entendendo a dinâmica atual das tomadas de decisão. Ora, já sabemos que 80% das decisões de consumo em uma família são determinadas pela vontade dos filhos – uma dinâmica por si só cruel, pois por culpa da ausência os pais presenteiam.
E as crianças chantageiam.
Estudos recentes demonstram que apesar do aumento de renda, essa camada da população encontra-se endividada. (Estado de São Paulo – 8/02/2010). 34% endividam-se para cobrir os gastos anuais e 46% têm dificuldade de pagar as compras feitas a crédito. Não é à toa que o coordenador dessa pesquisa declarou: “Estamos preocupados com a sustentabilidade desse processo. Queremos saber até onde essa classe média tem condições de garantir o consumo”.
Será que estimular ainda mais o consumo através da influência infantil é posição ética?
Questionar a autoridade paterna, colocando filhos contra pais, questionando se realmente sabem o que se passa no nosso mundo, é moralmente aceitável?
E você, se fosse o profissional por trás dessa dinâmica, dormiria tranquilo?