A Associação dos Restaurantes do Arizona, nos Estados Unidos, está pleiteando uma legislação polêmica. Chefiada pelo McDonald’s, a organização quer proibir que governos locais do Arizona possam propor medidas que regulem o marketing dirigido a crianças das redes de fast food. E a Flórida segue no mesmo caminho.
A lei já foi aprovada pela Câmara de Deputados do Estado, e agora será votada pelo Senado do Arizona. Se for sancionada, ela pode criar um perigoso precedente em que empresas poderosas conseguem bloquear comunidades de agir de acordo com seus interesses e de serem protegidas pelo governo.
A ação é uma resposta a outras leis recentes que proíbem venda casada de brinquedos e lanches, aprovadas em São Francisco e que deixaram essas empresas, especialmente o McDonald’s, com medo de futuras regulações no resto do país.
O lobby empresarial é pesado. Para as redes de fast food, ações de marketing voltadas a crianças são muito importantes porque trazem resultados imediatos – embora violem os direitos das crianças. Dados mostram que hoje uma em cada três crianças e adolescentes americanos come fast food todos os dias. “Governos locais não podem estar de mãos atadas quando o assunto é proteção da saúde infantil”, argumenta o Corporate Accountability International. A legislação se contrapõe, inclusive, a orientações da própria OMS, que em 2010 pediu que governos legislassem a questão.
A discussão chega ao seu ápice com a fala de um dos votantes a favor da lei. “O governo precisa ficar fora do caminho das empresas”, disse Jim Weiers. “As empresas têm o direito de fazer o que querem, desde que não estejam machucando ninguém”, completou, aparentemente ignorando os índices alarmantes da obesidade infantil nos EUA, que atinge uma em cada três crianças.
Por outro lado, campanhas como a divertida Retire Ronald ganham fôlego no país, chegando inclusive a aparecer em matéria da revista Time. O palhaço propaganda do McDonald’s, Ronald McDonald, é alvo da campanha do Value the Meal. “Há quase 50 anos, ninguém tem trabalhado mais para viciar crianças em comidas não saudáveis, disseminando uma epidemia de doenças ligadas a alimentação. Ronald merece um descanso, e nós também!”, argumenta a campanha.