Cansados de ver o governo não tomar nenhuma ação para regular a publicidade de alimentos não saudáveis dirigida a crianças, a Academia Americana de Pediatras mandou uma carta ao Federal Trade Comission (FTC), agência do governo dos Estados Unidos responsável pelos direitos dos consumidores, com assinaturas de mais de 100 outras organizações, pedindo que eles publiquem com urgência princípios básicos para regulação de nutrição e de marketing, que deveriam ter sido finalizados em 2010.
A carta serviu como resposta ao diretor do FTC, Jon Leibowitz, que afirmou recentemente que agora é o momento do “governo deixar seus esforços de lado”, enquanto a “autorregulação da indústria toma conta da questão”. Para os médicos e outros assinantes da carta, em um país onde a obesidade infantil triplicou em 30 anos, a autorregulação não está sendo suficiente, mesmo com as diretrizes voluntárias publicadas pelo FTC em 2011.
Enquanto a indústria afirma que a regulação da publicidade vai contra a liberdade de expressão, vem gastando cerca de 51 milhões de dólares em lobby contra a publicação de normas mais rígidas.
Para Michelle Simon, autora de Appetite for Profit e advogada na área da saúde pública, a situação é clara: “A indústria vem se infiltrando entre pais e filhos, ao se dirigir diretamente às crianças, o que deveria ser inaceitável. Crianças não são pequenos adultos, e a indústria alimentícia que anuncia para elas sabe muito bem que está explorando mentes vulneráveis. Quando as empresas vão longe demais, esperamos que o governo interceda”, afirmou.