Com sua tradicional marcha, o Fórum Social Temático de Porto Alegre começou na última terça-feira (24/01). Cerca de 20 mil manifestantes caminharam do centro histórico da capital gaúcha até o anfiteatro Pôr do Sol, à margem do Guaíba. Nessa edição, o fórum tem como tema central “Crise do capitalismo, justiça social e ambiental” e promove uma série de oficinas, debates e manifestações em torno de questões que incluem educação, meio ambiente e novas formas de energia, consumo, liberdade de expressão, entre muitos outros.
O Instituto Alana estava lá representado por mim e pela nossa coordenadora de Mobilização, Gabriela Vuolo. Só conseguimos ficar terça e quarta, porque fomos especialmente para acompanhar a roda de conversa “Criança e Consumo: os donos do cardápio infantil”, organizada pelo Núcleo Interdisciplinar de Doenças Crônicas na Infância / Prorext / UFRGS e pelo E-grupo Criança e Consumo , realizada na quarta-feira (25/01) para discutir a má alimentação das crianças.
O bate-papo reuniu, em sua maioria, educadores e agentes de saúde em busca de alternativas para combater um dos problemas mais graves da atualidade: a obesidade infantil, que já atinge 15% das crianças brasileiras.
A professora Dra. Noemia Goldraich, da UFRGS, atribui às escolas e aos profissionais de saúde um papel fundamental na educação de pais e crianças para uma alimentação adequada. A mobilizadora regional do Canal Futura e jornalista, Zilda Piovesan, complementou dizendo que também é preciso levar em consideração o impacto negativo do marketing de alimentos não-saudáveis nessa questão.
Gabriela Vuolo, do Alana, ressaltou que pais, educadores e profissionais de saúde têm responsabilidades sim, mas que é preciso lembrar a necessidade de que haja uma mobilização da sociedade em busca de uma regulação clara para a indústria alimentícia, especialmente no que diz respeito à publicidade de produtos com alto teor de sal, açúcar e gorduras voltada para crianças. Ela lembrou que os poderes Executivo e Legislativo discutem resoluções e projetos de lei que pretendem reduzir os impactos do marketing no público infantil e os cidadãos devem denunciar campanhas abusivas.
O encontro foi encerrado com a exibição do documentário “Criança, a alma do negócio”, de Estela Renner.
Acesso a informação e direitos humanos
À tarde, fomos ouvir um debate organizado pelo programa Conexões Globais 2.0 sobre direitos humanos na internet, com uma conversa entre Marcelo Branco, da Associação Software Livre, Maria do Rosário, ministra da Secretaria Especial dos Direitos Humanos, Giuseppe Cocco, cientista político e professor da UFRJ, e Rogério Santana, especialista em Engenharia de Software. A discussão teve participação especial do advogado em direitos digitais Javier de La Cueva, que falou ao público de Madri via Skype.
O debate envolveu temas amplos, como liberdade de expressão, marco civil da internet e direito a informação, sempre com foco no respeito ao direito humano. O que nos chamou atenção dentre os vários pontos abordados foi a relação ainda muito desigual entre interesses corporativos e interesses coletivos. Giuseppe Cocco enfatizou que é preciso repensar a relação público-privada para garantir que a internet seja de fato um ambiente de todos.
Quando o debate começou a esquentar, tivemos que correr para o aeroporto e não conseguimos fazer a pergunta que não quer calar… qual será a opinião deles sobre a atuação de marketing das empresas na web, principalmente quando é abusiva? Seria muito interessante abordar esse assunto, até para que eles pontuassem diferenças fundamentais entre a garantia de liberdade de expressão e a necessidade de regulação para questões comerciais. Esse é um ponto sempre muito polêmico.
Foi isso. A vontade era de ficar para ver outras mesas, mas não deu tempo.