Nesta terça-feira, 28 de julho, a coordenadora geral do Projeto Criança e Consumo, Isabella Henriques, palestrou no Kid & Tweens Power Brasil 2011, evento especialmente criado para discutir estratégias de marketing infantil, que acontece até o dia 30 em São Paulo.
Muitos podem questionar o que fomos fazer lá, já que o trabalho do Criança e Consumo é contrário a apelos comerciais voltados diretamente aos pequenos. Mas para essas pessoas respondemos que foi uma oportunidade muito importante de falar diretamente com representantes de marcas que todos os dias anunciam para crianças. Isabella levou ao público do evento uma visão diferente (e mais cuidadosa) de como o mercado deve tratar a infância.
Diante de olhares atentos, ela apontou alguns dos problemas que são agravados pelo bombardeio de publicidades e que afetam as crianças, como a obesidade e a erotização precoce. Mostrou exemplos de campanhas abusivas que provocaram indignação até no profissional mais cético da plateia.
Mas, no geral, a maioria fez cara feia e comentários baixinhos do tipo “mas porque não pode fazer site pra criança? Que radical!”. Poucos concordaram silenciosamente com a palestrante, fazendo apenas um sinal discreto com a cabeça.
Para Isabella, o que mais importa não é ter a aprovação da plateia do evento, e sim saber que os participantes sairão de lá com uma reflexão sobre o tema. A palestra buscou mostrar que conhecer e respeitar os direitos da criança nas relações de consumo pode agregar um valor maior às marcas e que é possível repensar a comunicação mercadológica para que ela fale apenas com os adultos.
A coordenadora do Criança e Consumo encerrou a palestra citando o manifesto de um dos mais renomados diretores de criação do mercado publicitário, Alex Bogusky. Em 2010, durante o Festival de Cannes, Bogusky anunciou que era contra qualquer tipo de publicidade que falasse diretamente com o público de 12 anos – opinião totalmente apoiada por nós.
“É possível pensar nas estratégias de marketing de maneira mais ética e sustentável. Precisamos quebrar paradigmas”, disse Isabella, lembrando que vários países já regulam a questão da publicidade dirigida a crianças.