Hoje fizemos o primeiro protesto do Projeto Criança e Consumo, do Instituto Alana. Fomos para a porta da sede da Mattel, em São Paulo, entregar o troféu de “Vencedora do Prêmio Manipuladora – Dias das Crianças 2011” e questionar a quantidade alarmante de publicidade da empresa direcionada ao público infantil: foram aproximadamente 8.900 comerciais veiculados em 15 canais, nos 15 dias que antecederam o Dia das Crianças.
O dado é um dos resultados da pesquisa inédita “Monitoramento da publicidade de produtos e serviços destinada a crianças”, realizada entre 27 de setembro e 11 de outubro pelo Observatório de Mídia Regional da Universidade Federal do Espírito Santo em parceria com o Instituto Alana.
A empresa campeã foi a Mattel, com 50% de publicidade a mais que a segunda colocada, a fabricante Hasbro, que anunciou cerca de 6 mil vezes para crianças no período.
Embora as marcas de brinquedos tenham sido as mais anunciadas nos dias monitorados, o direcionamento de publicidade para o público menor de 12 anos não se limita a produtos infantis. O levantamento identificou que, entre todas as publicidades veiculadas no período, a criança foi alvo de 64% dos anúncios.
Veja os principais dados da pesquisa:
Nas semanas que antecederam o Dia das Crianças o mercado não perdeu tempo em dizer para os pequenos os que eles devem comprar e usar. Estamos pertinho do Natal e haverá um novo bombardeio de publicidade…
Hoje as crianças são um alvo preferencial dos apelos para o consumo. São elas que passam a maior parte do tempo em frente às tevês – em média mais de cinco horas por dia, segundo último levantamento do Ibope, de 2010. Também já se sabe que os pequenos participam do processo decisório de 80% das compras da casa, de acordo com pesquisa da Interscience, de 2003. Mas anunciar para esse público não é ético.
Estudos em todo o mundo mostram que não há vantagem para o desenvolvimento infantil expor crianças a apelos comerciais. Existe, sim, um consenso de que esses apelos têm um impacto relevante em problemas recorrentes da sociedade atual, como a obesidade infantil, o consumo precoce de álcool, a adultização da infância e a diminuição das brincadeiras criativas. Fora o tal do estresse que os pais passam a cada cabo de guerra que travam com os filhos para explicar que é impossível ter tudo o que se quer.
Leia a pesquisa na íntegra
Leia a carta do Projeto Criança e Consumo enviada à Mattel