O título que designa esse post é trecho de uma matéria sobre moda e beleza do Fantástico (Rede Globo), que não incitaria grande desconforto se não estivesse referindo-se aos transtornos enfrentados pela pequena Bruna, 13 anos, que perde uma hora de sua manhã maquiando-se antes de ir ao colégio.
A matéria em questão admite a maquiagem como utensílio imprescindível em qualquer lista de material escolar e dedica-se a ensinar procedimentos de pintura e dicas de beleza para meninas. Nas entrevistas, garotinhas com idade entre 10 e 13 anos são estimuladas a discutir quais os recursos e as tonalidades mais eficientes para causar uma boa impressão na escola e atrair os rapazes, que também são convidados a expressar suas predileções.
É claro que é linda a imagem de uma filha brincando com os elementos que permeiam o universo da mãe, que tanto admira, fazendo de conta que é gente grande, Mas ver meninas de 10 ou 13 anos discutindo a pertinência do uso de um batom vermelho ou de uma sombra neon no ambiente escolar é certamente perturbador.
A carga simbólica de sensualidade que não vem declarada nas embalagens desses cosméticos, mas que é imediatamente identificada no âmbito social, nos traz aos olhos menininhas travestidas de maneira quase pitoresca em mulheres adultas. O culto à beleza rouba a cena das aulas e dos espaços de convivência e brincadeira, tão propícios ao aprendizado e à descoberta.
Inexperientes para lidar com certas questões que sempre caminharam paralelamente ao gloss, ao rímel e ao blush, as meninas acabam encontrando na escola uma fonte inesgotável de anseios e frustrações não condizentes com a pouca idade, além de um convite implícito para resolver essas questões no shopping, adquirindo produtos para mascarar o rosto.
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