Na semana passada, foram divulgados os resultados da pesquisa Folha Top of Mind 2011, levantamento anual que identifica o quanto as marcas são lembradas pelos consumidores. Os resultados da categoria Alimentação não surpreendem: sorvetes Kibon, chocolates Nestlé e biscoitos Trakinas foram algumas das mais citadas – vale destacar, todas de guloseimas.
Da publicidade na TV, sites ultra sofisticados, embalagens com personagens licenciados a brindes, as empresas continuam anunciando seus produtos sem qualquer tipo de regulamentação. E a coisa se agrava quando o público alvo é o infantil. Não por acaso, em pesquisa do Datafolha de 2010, realizada com pais da cidade de São Paulo, identificou-se que os três pedidos mais frequentes que os filhos costumam fazer são de guloseimas: chocolate, bala, chiclete, doce e bolacha em primeiro lugar; bolacha salgada e salgadinho em segundo lugar; e sorvete em terceiro lugar.
A promoção desses alimentos pouco nutritivos e, muitas vezes, com alto teor de açúcar, gorduras e sal vai na contramão do combate aos altos níveis de obesidade. A OMS vem alertando sobre o impacto da publicidade desse tipo de produto no aumento das doenças crônicas não transmissíveis há algum tempo e, em 2010, lançou diretrizes para que governos desenvolvam políticas públicas e regulamentem o marketing de alimentos, especialmente aquele voltado ao público infantil.
Muito celebrada pelo mercado e destacada pelo jornal, a pesquisa Folha Top of Mind foi divulgada poucos dias antes da abertura da IV Conferência de Segurança Alimentar e Nutricional, que começa no próximo dia 7, em Salvador. Ao contrário da pesquisa, a Conferência tem tido pouquíssimo espaço na imprensa nacional. O encontro, que reunirá 2 mil participantes, entre delegados, convidados e observadores, vai definir as novas diretrizes da política alimentar brasileira.
O Projeto Criança e Consumo estará lá, representado pela advogada Ekaterine Karageorgiadis, eleita para compor o corpo de delegados da sociedade civil paulista na Conferência. Entre os temas defendidos pelo Criança e Consumo, está a regulação de publicidade de alimentos com alto teor de açúcar, gorduras e sal, e de bebidas de baixo valor nutricional.