Uma parceria entre o McDonald’s e a editora de livros HarperCollins reacendeu o debate sobre venda de alimentos com brindes. Nessa semana, a rede de fast food anunciou uma ação na Inglaterra que substitui os tradicionais brinquedos do McLanche Feliz por livros de Michael Morpurgo, autor da série infantil Mudpuddle Farm e do best seller War Horse – esse último virou filme, que tem estreia marcada para o fim de semana naquele país.
A notícia foi divulgada em jornais como The Guardian, The Telegraph e Huffington Post.
Nove milhões de livros serão distribuídos entre 11 de janeiro e 7 de fevereiro junto com o McLanche Feliz. Para ter acesso ao livro, as crianças até podem comprá-lo separadamente. Mas é importante ressaltar aqui que, nas campanhas publicitárias, essa informação passa despercebida e o que se incentiva mesmo é o consumo do combo.
A sociedade está dividida. Muitos apoiam a ação, que tem o aval da ONG National Literacy Trust. Outros não.
Um dos questionamentos é se vale a pena associar consumo de alimentos não saudáveis a livros, frente ao aumento da obesidade infantil. Outro é se ações de marketing são de fato uma boa estratégia para incentivar hábitos saudáveis nas crianças, não só alimentares, mas também culturais e sociais, ou se isso aprofundaria ainda mais o problema do consumismo infantil.
Sem dúvida, é muito preocupante que crianças não leiam – às vezes até por não ter condições de comprar um livro. No entanto, é igualmente alarmante um mundo em que o acesso a informação, saúde, lazer, cultura, educação está cada vez mais dependente dos interesses dos gigantes da indústria.